Tendo como principal bandeira de luta a defesa da Previdência Pública e dos direitos trabalhistas, os dirigentes da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) e mais de 200 representantes de 25 sindicatos filiados à entidade fortaleceram o ato público _Ocupa Brasília, realizado na quarta-feira (24). O movimento, de iniciativa das centrais sindicais, reuniu na capital federal milhares de trabalhadores, movimentos sociais, associações e estudantes, que exigiam a saída do presidente Michel Temer do Poder e a revogação das reformas propostas pelo seu governo.
Em face dos últimos acontecimentos que pautam o debate nacional, envolvendo a possibilidade do chefe do Executivo ser afastado do Planalto por renúncia, impeachment ou por decisão Tribunal Superior Eleitoral e após ampla consulta às suas bases, a Fenafisco também reivindicou a imediata aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 227/16, que propõe eleições diretas.
Segundo Charles Alcantara, presidente da Federação, a sociedade precisa manifestar apoio à propositura, que devolve ao povo brasileiro o poder soberano de eleger os seus representantes. “Defendemos a alteração da Constituição em respeito ao maior dos fundamentos da democracia: a soberania popular. Somente a aprovação da PEC 227 resgata a democracia em tempos de tanto vilipêndio”, disse.
Para Alcantara, a manifestação de ontem teve como objetivo alertar a sociedade sobre a grave crise política e o risco de o Congresso Nacional seguir com as reformas. “Estamos vivendo uma grava ameaça ao regime democrático. Os parlamentares não têm condições de avançar em temas tão importantes diante de tanta insegurança e dúvida. O povo brasileiro tem o direito de escolher um novo representante. Não podemos permitir que o governo continue tomando decisões após as graves denúncias que estamos acompanhando, especialmente querer aprovar à toque de caixa reformas importantes como as da previdenciária e trabalhista”, afirmou.
Durante o protesto, representantes de diversas categorias reforçaram sua a disposição em promover uma grande greve no país, caso o governo mantenha o compromisso de concluir as reformas exigidas pelo poder econômico.
A manifestação do dia 24, ora pacífica, foi marcada pela repressão policial e grandes atos de violência contra o povo. Na ocasião, os manifestantes foram agredidos por bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogênio. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, 49 pessoas foram feridas.
Manobra do governo
Diante da crise onde ainda não é possível saber qual será o destino do presidente Michel Temer, aliados do governo, no Congresso Nacional afirmam que as reformas da Previdência e Trabalhista deverão seguir. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a reforma da Previdência começará a ser votada no plenário da casa entre os dias 5 e 12 de junho.
Na avaliação do diretor para Assuntos Parlamentares e Institucionais da Fenafisco, Pedro Lopes, o _Ocupa Brasília demonstrou o quanto a sociedade está disposta a lutar por seus interesses e por uma representação legítima. “O ato como um todo foi um sucesso, com grande repercussão e grande adesão popular, que superaram as expectativas, o que demonstra o quanto o povo está sensível e preparado a defender seus direitos”.